dia 4 – Roças

O dia começou ligeiramente mais tarde do que o habitual.

Decidimos ir até ao mercado, visto que ainda não tínhamos mantimentos. Assim fizemos… vimos o barco chegar (finalmente, após uma semana e uma avaria) e conhecemos um pouco da austeridade do porto.

Passámos por casa das Irmãs para dizer um “Bom dia!” e aquando da hora de regressar a casa, ofereceram-nos um frasco de compota de comer e chorar por mais!

Após a ida ao mercado, voltamos a casa para almoçar. Fizemos o nosso primeiro almoço “caseiro” (arroz com feijão branco e salsichas), após o qual nos encontrámos com o Pe. Fabián e nos colocámos a caminho.

A primeira paragem foi na Roça de Santa Rita.

Santa Rita

Aqui conhecemos o Sr. Domingos, com quem falámos e quem nos contou um pouco da história daquela Roça.

Sr. Domingos

 

Era cabo-verdiano e emigrou para a Ilha do Príncipe aos seus 23 anos. Ali viveu a maioria da sua vida por não ter meios para retornar à terra natal deixando família e o pouco ou nada que tinha. Era neste momento o homem mais velho de Santa Rita, e de acordo com ele a escravatura perdurara até ’75. Os escravos que ali chegavam eram oriundos de Cabo-Verde, Angola e Moçambique. Entre capatazes, pobreza e trabalho árduo a vida no Príncipe nunca se avizinhou fácil.

 

Ode à compreensão.

 

De seguida partimos ao encontro da Roça da Azeitona.

 

Azeitona

 

Este foi o local onde encontrámos alguns secadores de cacau e também onde nos explicaram o percurso e tratamento do mesmo.

 

Secadores de cacau

 

Cacau (que aroma maravilhoso...!)

 

Após a visita à Azeitona, apressámo-nos a chegar à cidade para a missa porque no Príncipe Padre há só um!

No entanto, ainda que a correr, passámos pela Roça do Aeroporto em que conhecemos pela primeira vez a capela ali construída. Semanas depois, encontrar-se-ia modificada, quase reconstruída, após horas e horas de trabalho, muito carinho e afinco, para a festa do Aeroporto.

 

Capela e o Padre Fabián.

 

Após a missa, desta já na cidade, saímos para a rua onde a música vibrava. E ao ritmo… a alma se incendeia, o espírito voa, o corpo dança e a leveza nos alcança.

 

A dança

 

O ritmo

 

Depois de observarmos a facilidade com que se gera música, de presenciarmos a fluidez com que os corpos se mexem, a alegria com que se partilha um momento, retornámos a casa.

Era hora de jantar e os Jovens da Nossa Senhora da Conceição estavam a chegar!

 

Jota, Meyo, Maria, Zizi.

Pe. Fabián, Nuno Sanches, Nuno Filipe.

Meyo, Jota.

 

Jantámos todos juntos e ficámos até tarde… cantou-se, dançou-se, conversou-se, riu-se e partilhou-se. Não existira forma melhor de terminar este nosso dia.

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dia 3 – Em Busca da Roça Perdida

2ª feira. Combinamos no dia anterior que hoje iríamos tentar chegar à Roça do Infante Henrique. A todos a quem se perguntou como se lá chegava, primeiro torciam o nariz e depois diziam que, de carro o caminho era muito mau e que provavelmente boa parte do caminho, o mato já o teria “comido”. Mesmo assim seria necessário lá chegar, para cumprir com o objectivo de recolher o máximo possível de informação do património histórico do Príncipe e do estado de conservação em que se encontrava.

Abastecemos as mochilas, os cantis e os cestos porque provavelmente seria uma longa caminhada… Nem sonhávamos o quão longa ela seria…

momentos de descontração, durante a espera... Pe Fabián e Zé andavam a correr a cidade à procura de combustível

A equipa toda da expedição foi: o Carlos e o Simão como guias (aquele por ter nascido lá e este pela experiência de caminhadas no mato), Pe Fabián, o Walter, o Zé, a Ceú, a Lolya, Nuno Sanches, Nuno Filipe (aka Formiga), o Duarte, a Eliana, a Raquel e a Carolina (aka Carol). As Irmãs ficaram em Santo António, pois seria uma caminhada dura e o Ir.Armando era necessário no serviço à Casa Paroquial.

A primeira paragem, já que ficava em caminho, foi à Cruz Nascida, a capela-cabana que visitamos no escuro da noite, no dia 1. Reparamos que houve um esforço de preparação para a tal festa, com a construção de cabanas e tudo… Pena ter ficado apenas por aí.

saída oriental da Cidade de St. António

 

 

 

 

 

 

 

 

capela-cabana Cruz Nascida

"Não há festa...!"

lavar a roupa na ribeira

Seguindo o caminho passamos por Santo Cristo, Nova Estrela, Terreiro Velho,  até chegar à Roça da Ribeira Fria, o fim do percurso de carro. A estrada de Santo António até ao Terreiro Velho percorreu-se dentro da normalidade, para o tipo de estradas que a Ilha tem. A partir do miradouro para a frente (de onde se avista a magnífica paisagem com o ilhéu Boné de Jóquei ao largo), é a área da Ilha dita mais húmida. Entramos na zona dos picos do Príncipe, onde o ar do mar, ao ser obrigado a subir, condensa e cai em forma de chuva.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ilhéu Boné de Jóquei, ao longe

casa de um emigrante... de frente para o miradouro

Depois de apanharmos o Carlos em sua casa, seguimos para a Roça da Ribeira Fria. Este troço foi a parte mais complicada de percorrer com os carros. Houve um momento ou outro de maior ansiedade, mas com o cuidado e destreza dos condutores, Pe Fabián e Lolya, “tudo correu sobre rodas”, passo a expressão 🙂

Com aquela chuva, mesmo não muito intensa, a estrada de terra batida, passa a pista de barro… com socalcos profundos, valas e boas ribanceiras à mistura… E além disto, a estrada já está deformada e encurtada na largura, por causa da sedimentação pelas chuvas. E como a frequência da passagem de carros é pouca ou nenhuma, a estrada tem vindo a ser, lentamente, coberta de terra, vinda dos socalcos.

Passamos por duas ribeiras: uma com uma ponte feita de troncos de árvore e a outra de betão armado, ainda do tempo do caminho de ferro. Pe Fabián achou mais prudente, tanto numa como na outra, que descessemos dos carros… Era melhor não confiar totalmente na establidade das pontes.

 

latrina construída pela Cruz Vermelha

 

 

Palmeira para produção de Azeite de Palma

"azeitonas" para produzir o Azeite de Palma

lavar a loiça no chafariz

"O Inspector" do Cacau

" E agora como se desce daqui... sem escorregar?"

Pista de barro! uh! Uuuuuuh!

inclinados... mas a andar!

 

 

ponte antiga, do caminho de ferro, ainda com carris

 

 

cancela para o gado não debandar

 

 

Túnel de mato

"C.I.P. (Companhia da Ilha do Príncipe) Roça Infante D. Henrique" - tabuleta que marca a entrada no território da Roça perdida

Chegados à Roça da Ribeira Fria (uma das dependências da antiga Roça do Infante) começamos a exploração das ruínas que saltaram logo à vista, mesmo antes de descer dos carros. Reconhecemos o que restava dos fornos de secagem de cacau e ainda estavam de pé alguns vãos de entradas dos armazéns. Ainda jaziam por alí as portas de ferro dos fornos. E mais curioso ainda foi constatar que o chão do secador de outra hora, ainda estar coberto de graus carbonizados. Esta roça, do conjunto das que iríamos visitar ao longo das 3 semanas, foi a que apresentou maior grau de destruição. Resta muito pouca coisa de pé…

Roça da Ribeira Fria

 

ruínas dos fornos de secagem do cacau

"A Árvore dos Meninos"

Deixamos os carros ali e seguimos a pé, pela estrada de pedras, onde outrora estariam agarrados os carris da linha férrea, do transporte das produções das roças.

E levamos connosco mais um pequeno companheiro de expedição. O Carlinhos. Bem… o Carlinhos e mais três mascotes de quatro patas e pêlo. O pai e dois cachorros. Todos de pequeno porte, decidiram acompanhar o seu pequeno dono. Mais tarde isto veio a revelar-se… não muito boa ideia… 🙂

 

E… começou a Grande Caminhada, em Busca da Roça Perdida! Que não ficou nada atrás das que são patrocionadas pela “Nacional Geographic”… só faltou o verdadeiro David Attenborough a aparecer por trás das folhas, com o seu sotaque “very british”! Por entre selva e chuva, lama e pedras escorregadias, pantâno e cobras voadoras, lianas e blocos de rocha vulcânica, riachos e cascatas, pontes de troncos roliços e vedações de gado (sim! também há bois a pastar na selva…), macacos e búzios do mato… e os mosquitos… acho que não faltou nada!

Ponto de paragem do Parque Natural Obô (o parque engloba as duas ilhas de São Tomé e Príncipe)

lianas ou elianas?

"Orgãos Basálticos - ao arrefecer, o basalte se fragmenta formando colunas"

 

O Intrépido Pe Fabián

Dois montanhistas...

... lá chegaram...

... e para descer?

Pequenez...

 

Cambada de montanhistas!! 🙂

Fabián e Carlos

 

 

 

 

 

"O Germinar da Esperança" ao vivo e a cores!

Bambú... não há só na China

Água canalizada... na selva!?

 

Zona pantanosa

 

 

 

Vestígios de civilização! Devemos estar próximos....

 

Um ribeiro! Mesmo a calhar para aliviar o calor...

 

A ponte do ribeiro

 

Uma lesma branca

Búzio do Mato

Começou a chover copiosamente...

Uma camisola para o Carlinhos... que já começava a bater os dentes...

… Depois de quatro horas e quilómetros de mato, selva, chuva e lama… e andarmos perdidos umas vezes ou outras………. chegamos…….. (finalmente!!!)……………. à Roça…………… do Infante………….. uuuuf! Homens, mulheres, criança e cães, encharcados até aos ossos! Cheios de fome, sentamo-nos ao pé das paredes da outrora cozinha… e “mata-bichamos” o Bem Merecido farnel: sumo Foster (marca de sumo em pó), sandes de atum, salsichas ou ovo, mais a já costumeira banana, uuuuuh! Maná do Senhor! 🙂

restos de uma ponte

Arco

restos de um caminho com carris

outro arco

 

 

Simão

Depois do reconhecimento do que ainda restava… tivemos que nos pôr a caminho rapidamente, porque agora estavamos em risco de não chegar à Ribeira Fria, antes do anoitecer. E andar na selva à luz de laternas de bolso… não parecia mesmo nada, o melhor dos cenários. Ou passar a noite na Roça do Infante… também não!

A caminhada do regresso fez-se num bom ritmo. Sem as paragens para fotos ou as paragens para voltar a encontrar o caminho de pedras, ganhamos uma hora. E o pormenor de o caminho já estar debastado por nós, também ajudou a diminuir o tempo de caminhada.

Chegamos a Ribeira Fria com o escuro da noite a começar a instalar-se. E Graças a Deus todos bem, só com uns arranhões e dores de costas. Com aquelas pedras escorregadias do caminho, foi admirável ninguém ter torcido o pé! Com lama até ao traseiro e o cansaço de quilómetros em cima do corpo… não nos pareceu nada mau passar os pés debaixo da mangueira-bica (mesmo ainda calçados!). É as vantagens dum país tropical. É mais difícil ter frio que calor. Os  pais do Carlinhos é que já estavam preocupadíssimos com a demora. Ninguém sonhou que seria uma caminhada tão demorada… Senão o Carlinhos não teria ido. Metade do caminho fê-lo às cavalitas do Nuno Sanches. O mesmo aconteceu aos cachorros, mas ao colo do Nuno Filipe. Teve de ser, porque os pobres animais estavam a recusar-se a andar. E não íamos deixá-los abandonados na Roça do Infante…

 

 

Calças molhadas mas limpinhas...

 

Bom… ainda teríamos de passar aquele bocado de estrada complicado, desta à luz dos faróis, na escuridão da noite. Mas como vêem, regressamos para contar a história. Largamos o Carlos (um dos guias) em casa, onde a mãe também já tinha o coração nas mãos.

a passar a ponte antiga de betão armado... desta vez não descemos dos carros 🙂

... onde está a ribanceira?

Depois de chegados a casa, um banho refrescante (água fria) e rápido, tínhamos uma sopinha bem quentinha oferecida pelas mãos das Irmãs Eufrosina e Maria, na Casa da Missão.  O cansaço era tanto que alguns de nós se deixaram dormir na mesa… E foi o fim de um dia de verdadeira Aventura!

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extra Post I – “Palavreando” – Viagens

“PALAVREANDO” é um espaço de cultura, onde a poesia e os poetas são reis. Onde a conversa se faz em jeito de tertúlia. E onde a música… se respira!

Tem tido lugar há já um bom par de anos, quinzenalmente, sextas-feiras apartir das 22 horas, no Centro de Exposições de Odivelas. Pelo meio, esta rubrica passou a ser transmitida, via internet, para todo o Portugal. Primeiramente em directo, agora como programa regular na Nova Odivelas Tv.

Uma parceria entre Henrique Ribeiro, Nova Odivelas, Alexandre Oliveira e a Associação Sócio-Cultural Jovens da Ramada.

No passado dia 3 de Setembro o “Palavreando” regressou da pausa das férias de Verão, com o tema “Viagens”.  O apresentador do programa, Alexandre Oliveira, convidou-nos para falar sobre esta experiência de viver na Ilha do Príncipe.

Só quatro dos seis da equipa, poderam estar presentes. Mas tentaram mostar, na medida do possível e apartir de uma perspectiva mais pessoal, o que mais os marcou. 

Vejam e “africanizem-se”…. 🙂

http://www.novaodivelas.tv/webtv/video_news.php?video_on=2791

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dia 2 – um Domingo passado na Ilha

A primeira coisa que nos deu vontade ao acordar, foi abrir as janelas para ver qual era a vista que dali se tinha. Mesmo que tenha sido a janela da casa-de-banho! Mas as fotos que temos são tiradas do patamar da porta de entrada… 🙂

Às 9h era a Eucaristia. A primeira missa em São Tomé e Príncipe! As Promessas dos Escuteiros.

Tirando o Duarte, que acompanhou a cerimónia do princípio ao fim, os outros cinco tiveram dificuldade em suportar o calor, do princípio ao fim, que se fazia sentir dentro da cheia igreja… sentamo-nos à porta a estudar as cartas militares que o Nuno Sanches (aka Rato) conseguiu pedir em Lisboa.

Um dos objectivos desta equipa de 2010 da Ramada foi começar um levantamento do património ainda existente, do passado colonialista da ilha. Traçado arquitectónico das roças; procurar as antigas capelas, que estão registadas na igreja paroquial; detectar as antigas vias ferroviárias do transporte do cacau; detectar os antigos fortes de vigia; visitar o arquivo histórico da ilha… Resumindo: começar um trabalho de registo do património ainda existente, de forma a ser cuidado, valorizado e preservado.

No final da cerimónia acompanhamos os escuteiros na tradicional “lençada” aos colegas que passaram de secção, com as costumeiras “chicotadas” amigáveis.

De seguida todo o agrupamento foi em cortejo pelas ruas da cidade, até à casa paroquial, com o próprio Pe Fabián a tocar o bombo da festa! Este homem não nos cansou de surpreender pela força de vontade, energia, alegria, criatividade e agilidade que coloca em tudo o que faz! Encarna o dom, o carisma do que é ser, verdadeiramente, Missionário!

O cortejo esse… não ficou nada atrás, de qualquer corpo de Soldados da Paz, a desfilar em Portugal!

o pároco Pe Fabián, a liderar o cortejo dos Escuteiros do Príncipe

em frente à casa paroquial, onde houve festa até à noite!

Deixamos os escuteiros, com as suas famílias a comemorar e fomos com o Pe Fabián e o Ir. Armando almoçar na Casa da Missão.  As Irmãs e a Céu fizeram uma salada de frutas, de comer e chorar por mais! A Ir.ª Eufrosina e a Ir.ª Maria estiveram a mostrar-nos a variedade de bananas que há na ilha. A mais surpreendente foi a banana-maçã. Deixa mesmo um travo na boca de maçã Granny Smith! E o maravilhoso mamão… uuuuuh!       Cá chamamos-lhe papaia.

O resto da tarde foi dividido entre a casa paroquial e mais explorações pelas ruas de Santo António. À noite regressaríamos ao centro da cidade para conhecermos os Jovens de Nossa Senhora, o grupo de jovens da paróquia!

venda a retalho... e sem retalho

meninos a brincar no rio

magnífico espelho de água! - Rio Papagaio

baía de St. António ao anoitecer (devidamente besuntados em repelente, que esta é aquela hora crítica...)

Gostamos muito de conhecer os Jovens de Nossa Senhora! Entre apresentações e brincadeiras, percebemos que são pessoas preocupadas com a sua terra e que estão dispostos a fazer mais por ela. Nós mostramos-lhes um outro olhar, daqueles que vivem em outras paragens, das aspirações que nós temos por cá e o que íamos à procura naquela Ilha do Príncipe.

Depois propusemos-lhes dois desafios: que escrevessem poemas ou textos que nós, da Ramada, musicávamos e que pegassem em alguns trechos da peça de teatro “As Mentiras que os Homens Contam”, os adaptassem à sua realidade e os apresentassem publicamente. Pelo meio, intercalava-se com dança, música e poesia. Resumindo: fizessem uma Noite de Variedades!

A princípio ficaram um pouco apreensivos, porque nunca tinham feito algo do género. Pareceu-lhes difícil concretizar tudo, em especial a parte dos comes e bebes. Mas aceitaram o desafio! Combinamos que lhes íamos fazer chegar os textos o mais depressa possível. Tínhamos ainda de pedir a algum Jovem da Ramada que enviasse uma cópia por e-mail e encontrar um sítio ou alguém que o imprimisse… Certamente não seriam tarefas difíceis de realizar em Portugal, onde o acesso à tecnologia está à mão de semear. Mas no Príncipe a ginástica é maior… Sabíamos que a Casa Paroquial tinha internet e que um dos colégios da Ramada teria uma impressora e que a Lálá, uma das jovens de N.ªSr.ª tinha acesso a uma fotocopiadora no seu local de trabalho. Agora conjugar estes três factores é que iria requerer a tal… ginástica. Mas isso é uma outra história… a contar nos próximos posts.

Acabamos o trabalho da noite à volta da mesa, com um jantar partilhado. Mais ou menos partilhado… Para os da Ramada foi oferecido, porque não tínhamos trazido nada… Estávamos a contar de ir jantar a casa, não tínhamos sido avisados… Mas depressa percebemos que o pouco, dado com vontade, é sinal de amizade 🙂 Naquele compasso de espera de pôr a mesa, ainda deu para musicar um poema da autoria do Litoney (aka Neio). Seria a banda sonora de todo o trabalho que viríamos a desenvolver juntos.

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dia 1 – S.Tomé/Príncipe, cidade de Santo António, a mais pequena do mundo…

O 1º dia, Sábado, começou dentro do avião da STP Airways. Pequeno-almoço a bordo com chá ou café e sumo, pãozinho com manteiga ou triângulo de queijo, tudo bem micro, para caber no avião tanta refeição!

Soube bem, já que alguns da equipa não conseguiram dormir lá grande coisa… Bancos de avião não são lá muito confortáveis, mesmo para quem tem sono.

Boa notícia: contando com o fuso horário do arquipélago de São Tomé (menos uma hora que em Portugal), ganhamos uma hora no atraso do avião! Já nos “safemos”! … em princípio.

A primeira imagem que vimos foi o Pico de São Tomé. Imponente, por entre as nuvens. Magnífico postal de boas vindas! Aterramos às 7h da manhã, hora local. O avião para o Príncipe era daí a 1h e 30minutos.

Afinal não sentimos a tal “parede de humidade” ao sair do avião, nem o “cheiro da clorofila” como descreveu o Miguel Sousa Tavares no seu romance. Melhor! Assim a adaptação ao meio deveria custar menos.

Ao andar uns metros na pista, a tirar as primeiras fotos e vídeos daquela terra, começamos a sentir, ao toque, a humidade. Mas nada por aí além! Sentimo-nos suados mais depressa. Especialmente com uma mochila nas costas…

Aproveitamos para tirar umas fotos com os Navegantes e trocar contactos.

A fila para o check-out chegava à pista… E nós, éramos os últimos da fila, com um voo para apanhar às 8h30… Quando vimos uma avioneta a posicionar-se na pista pensamos logo: “é aquela! E nós ainda com esta gente toda à frente…” Decidimos apelar a uma funcionária que estava perto do tapete das bagagens. Muito prestável (Graças a Deus!! acertamos, era uma funcionária dos balcões) encarregou-se ela mesma de fazer o check-in para o voo do Príncipe. O check-out… essa é uma história que terá continuação daí a 3 semanas, no dia do regresso…

Pesagem da bagagem… pesagem das nossas pessoas com mochilas incluídas… tudo dentro dos limites (valeu a pena as horas passadas entre balanças e sacos de viagem, na sala dos Jovens da Ramada!). Papéis para a mão, autocolantes nos sacos, ala que se faz tarde!

Despedimo-nos dos Navegantes, desejando mutuamente sucesso nas tarefas programadas. Agora, já só os 6 magníficos, dirigimo-nos à avioneta “Africa’s Connection”: pequeno parêntesis para ver a demonstração das recomendações de segurança, mas desta… cá fora. Estranhamos, mas dado o tamanho da avioneta, ali era o melhor sítio para o fazer.

A descolagem foi mais sentida, dado o menor isolamento da fuselagem. Mas correu bem! Até sentimos menos trepidação durante o voo do Príncipe, que no voo da STP Airways!

 

segundo o ecrã da STP Airways: ESTAMOS A CHEGAR!

 

 

Ilha de São Tomé

 

 

o imponente Pico de São Tomé, por entre as nuvens

 

 

 

vista aérea da cidade São Tomé, a capital

 

 

aproximação à pista: ao largo, o Ilhéu das Cabras

 

aterragem em São Tomé

 

as duas equipas: Navegantes e Apóstolos 🙂 (Paróquia de N.ª Sr.ª dos Navegantes e Paróquia de N.ª Sr.ª Rainha dos Apóstolos)

 

 

a fila para o check-out...

 

 

o jogo "Jenga" mas com malas... uuuh!

 

 

a nossa amiga que acelerou o check-in para o Príncipe

 

 

a pesagem da bagagem

 

 

pesagem individual: não podemos acreditar em tudo o que a balança marca! 🙂

 

 

o senhor que demonstrou as recomendações de segurança

 

 

dentro da avioneta Africa's Connection

 

 

a descolagem

 

 

o mar azulinho.... azulinho!

 

A viagem entre ilhas demora mais ou menos 30min. São 120km de distância. Aqui, como os bancos eram mais confortáveis… o sono começou a instalar-se. Mas a vontade de ver surgir o Príncipe suplantou o cansaço.

À nossa espera no aeroporto estavam o Pe Fabián e o Zé, que juntamente com a esposa Céu, quiseram dedicar as suas férias à Missão Católica no Príncipe, junto das Irmãs Servas da Sagrada Família. Os militares do Príncipe fazem sempre a guarda aos aviões. Talvez para não haver acidentes de pessoas a atravessar a pista…

Apresentações feitas e primeiras impressões do ambiente, mais umas fotos, enquanto se descarregam as malas da avioneta.

Depois de carregar os jipes, fomos rumo à cidade de Santo António, capital da região autónoma do Príncipe, a cidade mais pequena do Mundo… pela “auto-estrada” :).

Entre tapetes de asfalto, extensões de pedra solta, à espera de um dia levarem cimento por cima… Entre estrada de terra batida ou esta brita… é preferível a 1ª opção.

Passamos: pelo Hospital, Alfândega lá no porto, o pontão onde está o Padrão dos Descobrimentos, a polícia, a sede do Sporting (sim há uma…bem grande, mas abandonada), a igreja de Nossa Senhora da Conceição e parámos para a primeira refeição na ilha: pequeno-almoço em casa das Irmãs, na Missão Católica! Café, leite em pó, pão fresco (pão de forno a lenha!) manteiga, doce de mamão e… bananas! Manjar!

Depois fomos visitar a Casa Paroquial. Tem uma vista privilegiada sobre a praça do Poder Local ou Paços do Conselho.

De seguida fomos conhecer a Casa da Catequese, antiga residência das Irmãs, que tem sido o albergue ao longo destes anos, das equipas representantes da geminação da paróquia da Ramada com a paróquia do Príncipe. Seria a nossa base nas 3 semanas. O almoço seria em casa das Irmãs.  Aí conhecemos mais duas pessoas do projecto missionário do Príncipe: o patusco Irmão Armando (tal como o Pe Fabián pertence ao Instituto Misionero San Juan Eudes, Sociedad Clerical de Vida Apostólica, Colômbia) e a Lolya, representante da ONGD Ligar à Vida  no Príncipe.

O resto do dia foi dividido em instalarmo-nos, visitar a cidade e ir à compras. Para sermos, a nível doméstico, o mais autónomos possível, para não sobrecarregar a boa-vontade das Irmãs Eufrosina e Maria, e do Pe Fabián.

 

primeiro vislumbre da Ilha do Príncipe

 

 

estrada terra laranja

 

 

aproximação à pista

 

 

aeroporto do Príncipe

 

 

homem vs natureza

 

 

"auto-estrada"...

 

 

a 1ªvez que vímos a cidade de St. António

 

 

a chegar à cidade

 

 

o pontão do Padrão dos Descobrimentos

 

 

sede do Sporting...

 

 

a igreja paroquial, Nossa Senhora da Conceição

 

 

a mesa de boas-vindas das Irmãs

 

 

praça do "Poder Local", vista da Casa Paroquial

 

 

na rua Feliz, fica a Casa da Catequese, junto ao Lar da Betânia

 

 

a Irmã Eufrosina com o almoço na mão

 

 

pelas ruas de Santo António, com os sacos das compras

 

 

as prateleiras do novo supermercado, "o shooping da cidade"

 

 

1. vedação da casa das Irmãs (próx dúzia de fotos: o caminho daqui até casa)

 

 

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Ao cair da noite ia haver festa! A primeira missa que íamos participar era no meio do mato, na Cruz Nascida numa capela-cabana! Mas quando lá chegamos… não havia ninguém. Não apareceu ninguém nem para a celebração, nem para a festa… estava a chover e não havia electricidade, terão sido esses os motivos. Situações comuns numa terra onde os passos da evangelização, ainda são bambaleantes.

Partimos de seguida para a Nova Estrela, onde decorria nessa noite, o encontro de preparação das Promessas dos Escuteiros, no Colégio João Paulo Cassandra, uma das instalações que a Ramada fez nascer no Príncipe.

A paróquia da Ramada é a principal força educativa naquela ilha. Graças a ela todo o sistema de pré-ensino e consequentemente o ensino primário, foram remodelados e revitalizados.

Depois das devidas apresentações, de uma conversa de mútuo conhecimento com o grupo de chefes dos escuteiros, onde trocamos músicas, em Lunguí (dialecto do Príncipe) e dos Jovens da Ramada, jantamos um prato de arroz pintado (arroz de tomate com feijão), tudo à luz das velas :). De vez enquanto a electricidade dava o “ar da sua graça”, mas ia embora tão depressa como vinha.

Para a despedida, depois do olá do Pe Fabián a cumprimentar todos os presentes naquele encontro,  ainda brincamos/cantamos um bocadinho com os escutas mais novos.

 

a Cruz Nascida

 

 

o jantar à luz das velas

 

 

o Duarte a falar do escutismo

 

 

um espreitar curioso

 

 

um carinho vale mais que mil palavras...

 

 

um "Boa Noite" com música, antes da oração e bênção do Padre

 

Regressamos a casa… para uma noite de descanso bem necessitada, já que a noite nos bancos do avião, não foi muito proveitosa…

Amanhã será Domingo!

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dia 0 – Lisboa/Aeroporto

Começou bem! Entre voltar a verificar o peso da bagagem e as despedidas da família… chegamos ao aeroporto… atrasados! É o já costumeiro “fuso horário” da Ramada.

Mas não fomos os únicos: o avião também se atrasou! Depois de esperar mais de hora e meia para embarcar (entre limpezas, verificações e carregar o porão…) descolamos às 2h10…

Claro que começamos logo a fazer contas à vida (seriam 6 horas de viagem), porque tínhamos o voo para a Ilha do Príncipe marcado para as 8h30… entre o check-out e check-in em S. Tomé… não estávamos a ver grande margem de manobra… Decidimos confiar naquela ideia que perto do Equador… tudo tem o seu tempo. Sem stress! Nas calmas…

Entretanto na fila para o check-in no aeroporto de Lisboa, cruzamos-nos com outro grupo que partia em missão, mas para a ilha de S.Tomé, para Santana. Este vinha da paróquia de Nossa Senhora dos Navegantes, a paróquia a cargo do amigo Pe Paulo Franco. E vinham carregadíssimos de material! Como nós da Ramada, estávamos confinados ao limite de peso para o Príncipe (15kg), tínhamos entre os 6 da equipa, mais de 90kg de sobra! O limite de peso para S.Tomé é 30kg. De muito bom grado, assumimos parte da carga dos Navegantes!

E… depois de umas lágrimazinhas, próprias das despedidas e a bênção do nosso querido Pe Arsénio Isidoro… lá fomos… rumo a São Tomé e… à pequena Ilha do Príncipe.

Placar dos voos - S.Tomé 00h30

a equipa com o Pe Arsénio

últimas recomendações da Dr.ª Cristina Gabriel, da ONGD Ligar à Vida

na sala de embarque, juntamente com o grupo da paróquia de N.ª Sr.ª dos Navegantes

foi o baptismo de voo para dois de nós: o Duarte e a Carol

quando o sol raiou, dissemos olá às nuvens e ao céu azul!

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De volta a Lisboa

Esgotado o nosso tempo na Ilha do Príncipe, estamos de volta a Portugal.
Nas 6h de viagem tivemos oportunidade de recordar os bons momentos passados.

de_volta_a_lisboa

De volta a Lisboa

Já trazemos saudades dos que deixámos.

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O post que chegou depois de tempo ou Antes da chegada, a partida!!!

Ou seja, cá vão algumas fotografias da despedida. Fora do compasso, mas aqui fica, para a posteridade, enquanto não recebemos mais notícias. Para aumentar, cliquem na imagem.

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Mais umas fotos

Há procura dos carris do comboio

Esta pedra “dá” Padres

A refrescarmo-nos no rio, mas a água não estava assim tão fresca

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Directamente da Cidade de Santo António

Bom dia,

Novidades frescas da cidade mais pequena do mundo. São frescas porque chove.

Resumo do que temos feito:

– Sábado: conhecer a cidade, fazer os 1os contactos, vigília com os escuteiros

– Domingo:Missa às 9h. Promessas dos escuteiros. Exploração da cidade.

– 2a feira: Dia Aventura: andámos tão perdidos e tão dentro da selva que não podemos contar tudo 😉 Cumprimos o objectivo de chegar à Roça Infante Henriques. E sim é linda. Tivemos um neto do antigo proprietário a acompanhar-nos. Vê-se o traço do trabalho português ainda. Tudo coberto por selva, verdadeiramente coberto, mas ao descer os degraus da escada têm as dimensões certas que dão aquele conforto na descida. As escadas da nossa casa (moramos numa “vivenda” em que a habitação é no 1o piso) já nos engaram mais que uma vez.

O grupo de exploradores

Chamam a esta pedra Pedra Caixão.

Roça Infante Henriques

Nós nas ruinas

3a feira: Roça do Aeroporto, de Sta Rita e São Jorge (Azeitona). O aroma do cacau a secar é algo mais. Sério. Passámos uma noite típica de Sabado JR a cantar com o Pe Fabian e o grupo de Jovens de Nossa Senhora da Conceição. Estamos a preparar espectáculo para dia 20 e colónia de férias para a última semana.

4a feira: Depois conto-vos.

Abraço forte deste lado do equador.

Tchauée.

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